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:: ‘Internacional’

Milhares protestam na Europa contra o genocídio do povo palestino

Milhares de manifestantes saíram às ruas neste sábado (15), em vários países da Europa, em apoio aos palestinos, que sofrem há dias com recorrentes bombardeios de Israel

Milhares de manifestantes saíram às ruas neste sábado (15) em várias cidades da Europa e na Tunísia em apoio aos palestinos contra o genocídio provocado por bombardeios israelenses.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, na França, manifestações foram realizadas em várias cidades, incluindo Paris, onde policiais tentaram dispersar os manifestantes. confrontos entre manifestantes e policiais ocorreram à tarde no bairro de Barbès, na zona norte da capital. Em Boulevard Barbès, um grupo de cem pessoas cantava “Israel assassino”, enquanto bandeiras palestinas foram hasteadas ou usadas como capas.

Em Londres, milhares de pessoas protestaram no centro em apoio ao povo palestino e para pedir ao governo britânico que intervenha para impedir a operação militar israelense. Em Madri, cerca de 2.500 pessoas protestaram no centro em apoio à causa palestina. “O silêncio de uns é o sofrimento de outros”, “Jerusalém, a capital eterna da Palestina”, diziam as faixas e cartazes dos manifestantes, entre os quais um grande número de mulheres jovens.

Na Alemanha, milhares de pessoas se manifestaram em Berlim e em várias cidades, respondendo ao apelo de coletivos pró-palestinos. Na capital foram autorizadas três manifestações, incluindo duas no bairro de Neukölln, na zona sul da cidade.

Novos ataques

O Exército de Israel bombardeou e destruiu neste sábado (15) um prédio de 12 andares localizado em Gaza que abrigava escritórios da emissora catari Al Jazeera, da agência norte-americana Associated Press e outros veículos de comunicação, além de apartamentos residenciais.

O ataque faz parte das hostilidades conduzidas pelo governo israelenses contra a Faixa de Gaza que já entram no 6º dia consecutivo e já deixaram 140 palestinos mortos, incluindo 39 crianças, segundo o Ministério da Saúde da região.

A repórter da Al Jazeera Safwat al-Kahlout, que está em Gaza, se disse chocada com o bombardeio e afirmou que levou dois segundos para que o prédio desabasse.

Fonte: 247

China pisa no freio na entrega de insumos para vacinas ao Brasil

Embaixador chinês, Yang Wanming, se reuniu com ministros do governo Bolsonaro e citou a forte demanda internacional pelo IFA e a necessidade do país asiático intensificar a vacinação de sua própria população

Depois que foi atacada por Jair Bolsonaro com uma insinuação de que teria criado o coronavírus, a China agora evita falar em prazos para a entrega de insumos e imunizantes ao Brasil.

O aviso foi dado pelo embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, durante reunião nesta sexta-feira (7) com os ministros da Economia, Paulo Guedes; das Relações Exteriores, Carlos França; e da Saúde, Marcelo Queiroga, além de representantes do Butantan e da Fiocruz.

Oficialmente, a China atribui a decisão à forte demanda internacional pelo Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e argumenta que é preciso dar um ritmo mais rápido à vacinação da sua própria população, segundo Globo.

O Brasil espera o fornecimento de IFAs para fabricar 60 milhões de doses da vacina Oxford-AstraZeneca, além de outras 30 milhões de doses do imunizante da Sinopharm. A expectativa é que os produtos sejam entregues ainda neste semestre.

Bolsonaro ataca a China

Jair Bolsonaro voltou a atacar a China ao insinuar que o coronavírus teria sido criado em laboratório para uso em uma “guerra química”. “É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu porque um ser humano ingeriu um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu seu PIB? Não vou dizer para vocês”, disse Bolsonaro nesta quarta-feira (5), durante um evento realizado no Palácio do Planalto.

 

Suécia inclui Brasil em fundo para cineastas de países com democracia ameaçada

O festival sueco de cinema de Gotemburgo anunciou um fundo de apoio financeiro a cineastas de regiões “onde a liberdade de expressão está ameaçada”, em suas redes digitais nesta sexta (7). Os países escolhidos para receber o auxílio são Brasil, Sudão, Ucrânia, Irã, Iraque, Síria e Turquia.
A medida adotada pelo evento, que é um dos principais do setor na Suécia, tem suporte do Ministério das Relações Exteriores do país.
“A partir de 10 de maio, cineastas de quatro partes do mundo poderão enviar suas inscrições ao festival”, anuncia a nota publicada no site. “O fundo visa contribuir para um cinema diversificado, com maior liberdade artística e liberdade de expressão.”
Em nota, o Ministério define o projeto como uma ação importante para um período no qual “a democracia está sob risco” e “ameaças contra artistas e profissionais da culturais” aumentam nesses países.
O abalo da pandemia da Covid-19 na indústria do cinema foi ainda pior em regiões onde há a predominância de “um sistema instável de economia e política”, de acordo com o texto do festival.
A organização do festival promete apoiar desde o desenvolvimento até a distribuição de longas e séries dos cineastas, que podem se inscrever no site a partir de 10 de maio e no mês de julho.
O processo seletivo é composto por membros da equipe do festival e correspondentes dos países que receberão o apoio. O resultado ainda não tem uma data específica, mas será anunciado no site.
O fundo deve distribuir EUR 400.000 (equivalente a R$ 2,5 milhões) durante o ano de 2021.

A ‘grande mentira’ de Trump continua viva no Arizona

O Senado estatal, controlado pelos republicanos, ordena nova contagem de 21 milhões de votos e agita os que acreditam numa fraude eleitoral de Biden

O Arizona não virou a página. Quase seis meses depois das eleições presidenciais de novembro de 2020, o fantasma da fraude eleitoral continua vivo. O presidente Joe Biden completou 100 dias na Casa Branca, mas uma decisão do Senado local deu oxigênio ao republicano Donald Trump e seus simpatizantes, que afirmam, sem fundamento, que o democrata assumiu o poder infringindo a lei. Uma auditoria de 2,1 milhões de votos oferece novas esperanças aos setores radicais, que continuam sem aceitar que o Arizona tenha eleito um democrata para a presidência pela primeira vez em 24 anos. “Estou prevendo resultados muito surpreendentes”, declarou Trump na semana passada. A nova contagem dos votos não pode mudar o curso da eleição, mas agitará as águas a favor dos conservadores em meio a uma onda de reformas promovidas pelos republicanos de todo o país para restringir o voto.

Nesse contexto de disputa política, Kelly Johnson carrega seu revólver Smith & Wesson. “Não posso fazer isso na Califórnia, mas o Arizona é um Estado onde posso portar armas em público”, diz, sorridente, o advogado aposentado de 60 anos. Johnson se autodenomina militar do Exército de Deus convocado para proteger a integridade do voto. Ele saiu na madrugada da quinta-feira de sua casa em Newport Beach, um enclave conservador na Califórnia, para percorrer quase 600 quilômetros e chegar pela manhã ao Coliseu Memorial de Veteranos do Arizona, em Phoenix, onde são apurados a portas fechadas, desde 23 de abril, os votos realizados em Maricopa, o condado mais povoado do Estado. Essa região foi decisiva para a vitória de Biden, que obteve os 11 votos eleitorais da entidade com uma apertada vantagem de 0,3%, pouco mais de 10.400 votos. “Aqui cairá a primeira peça do dominó, seguida dos Estados de Michigan, Wisconsin, Pensilvânia e Geórgia”, diz ele.

Covid-19: EUA vai pagar R$ 500 para estimular que pessoas entre 16 e 35 anos se vacinem

Nos Estados Unidos os moradores da Virgínia Ocidental com idade entre 16 e 35 anos vão receber um incentivo em dinheiro para que se vacinem contra a Covid-19. Além da imunização contra a doença, eles vão ganhar um título de poupança de US$ 100, que equivalem a cerca de R$ 500.

O benefício foi anunciado pelo governador do estado, Jim Justice, no início dessa semana. A estratégia tem o objetivo de motivar e aumentar a imunização entre esse público, que tem sido baixa.

“Nossos filhos provavelmente não percebem o quão importante eles são para pôr fim a essa coisa”, disse Justice. “Estou tentando encontrar uma maneira que realmente os motive – e a nós – a superar o obstáculo”, acrescentou ele. A informação consta em reportagem do portal Extra.

Até mesmo as pessoas dessa faixa etária que já se vacinaram serão beneficiadas. A Virgínia Ocidental  pretende pagar o valor de forma retroativa.

A Virgínia Ocidental é caracterizada por ser um estado predominantemente rural. A vacinação para residentes com 16 anos ou mais foi aberta em meados de março, mas a imunização daqueles com 65 anos ou mais segue como prioridade.

De acordo com o governador, mais de 78% das pessoas na faixa etária mais velha receberam pelo menos uma dose, enquanto 68,5% foram totalmente vacinados.

New York Times diz que Bolsonaro não pode ser levado a sério na questão ambiental

Em artigo de destaque na cobertura do jornal para a Conferência do clima, NYT analisa a aparente virada do governo Bolsonaro no tema ambiental: “A reviravolta e a demanda por dinheiro à vista foram recebidas com ceticismo entre diplomatas estrangeiros no Brasil e ambientalistas”

Em reportagem de destaque na cobertura preparatória para a Conferência do Clima, o New York Times sentencia no título: “Promessa de Bolsonaro de proteger a Amazônia é recebida com ceticismo”. O texto é assinado pelos jornalistas Manuela Andreoni e Ernesto Londoño.

Na reportagem, os jornalistas constatam: “A reviravolta e a demanda por dinheiro à vista foram recebidas com ceticismo entre diplomatas estrangeiros no Brasil e ambientalistas, que argumentam que o único déficit real do Brasil é de vontade política.”

Tostão: “Superliga vai contra o espírito do futebol ao se assumir apenas como negócio. Uma vergonha”

Ex-jogador da seleção brasileira, Tostão considera que novo torneio é “um absurdo” e deixa futebol mais elitizado. Na Inglaterra, torcedores protestam e seis clubes oficializam desistência, dinamitando iniciativa

“Um grupinho que quer dominar o futebol contra a vontade da maioria.” É assim que Tostão, ex-jogador da seleção brasileira e campeão do mundo em 1970, define os 12 clubes europeus —Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Juventus, Internazionale e Milan— que começaram a semana tentando romper com as bases do futebol europeu. Causando um furacão de reações por parte de apaixonados pelo esporte mais popular do mundo, foram esses os times que anunciaram a criação de uma nova competição, a Superliga da Europa, prevendo um regulamento com participantes fixos que ignoram o mérito esportivo por um único objetivo: ganhar ainda mais dinheiro.

A ideia da Superliga é substituir a Champions League, atual torneio mais importante disputado pelos clubes europeus, por um campeonato mais lucrativo e com participação dos mais ricos de Inglaterra, Espanha e Itália, independente de classificação em suas ligas nacionais. Hoje, os times precisam ficar entre os primeiros destas ligas para jogarem o torneio europeu. As razões são econômicas: só de entrar para a Superliga, os clubes poderiam ganhar até 7 bilhões de euros, contando direitos de transmissão e patrocínios. Só o Barcelona, por exemplo, chegou a 1 bilhão de euros em dívidas no último ano. “Um Barcelona x Manchester é mais divertido do que um Manchester contra um time mais modesto da Champions”, defendeu Florentino Pérez, presidente do Real Madrid. O maior argumento a favor dos fundadores é planejar um calendário cheio de jogos entre grandes que seriam, na visão dos cartolas, mais atrativos do que o modelo atual e, portanto, mais lucrativos. “O que o mundo inteiro exige? Temos fãs em todo o mundo. Isso é o que gera dinheiro. E esse dinheiro é para todos, é uma pirâmide. Quando digo salvar o futebol, é salvar a todos.”

Pérez foi o escolhido pelos dirigentes europeus para chefiar o projeto da Superliga. Para justificar a ideia, ele também citou uma suposta redução do interesse dos jovens pelo esporte: “40% de quem tem entre 16 e 24 anos já não têm interesse por futebol. Porque existem muitos jogos de baixa qualidade e não lhes interessa, têm outras plataformas para se distraírem”.

Tostão rebate esse argumento dando uma dimensão maior ao papel do futebol. “Esses dirigentes não têm noção de que o esporte é uma questão social, cultural, histórica e apaixonante, não apenas econômica. O futebol já é elitizado, caro para a maioria das pessoas, e vai ficar mais ainda. São esses clubes que já concentram o dinheiro e compram os jogadores mais caros.” Para ele, a ideia de que os jovens não se interessam por futebol é parte do jogo. “Eu acho que 40% é até muito. Com tanta coisa prazerosa na vida, ele quer que todos os jovens gostem de futebol?”, brinca.

Na sua carreira, Tostão jogou pelo Cruzeiro, Vasco e seleção brasileira, com a qual venceu a Copa do Mundo de 1970 vestindo a camisa 9, como parceiro de Pelé no ataque. Desde que se aposentou, se formou em medicina, trabalhou em diversas emissoras como comentarista e hoje, aos 74 anos, escreve colunas semanais sobre futebol, nacional e internacional, para a Folha de S. Paulo. “Eu sei que não vai ser como no meu tempo”, diz ele ao relembrar da época mais romântica e menos lucrativa do jogo, “e temos que aceitar que o futebol também é negócio, que o grande clube não vai fazer caridade. Mas é preciso conciliar melhor os interesses esportivos e econômicos. Precisa existir um incentivo para que o time pequeno possa crescer e para que o futebol seja mais democrático, o que é o contrário do que estão fazendo”. Ao ver nascer um torneio sem acesso e nem rebaixamento, onde o recorte atual dos mais ricos é suficiente para definir vagas cativas, ele conclui que “a Superliga vai contra o espírito do futebol, porque assume que ele é apenas um negócio. Considero um absurdo, uma vergonha”.

Ao lado de Tostão, outras personalidades do futebol mundial se posicionaram publicamente contra a Superliga. Na Inglaterra, o Príncipe William, segundo na sucessão do trono, e o primeiro-ministro Boris Johnson compartilharam preocupações com os rumos do futebol europeu. “Devemos proteger toda a comunidade do futebol e os valores da competição e da justiça em sua essência”, escreveu em seu Twitter o Duque de Cambridge. Após a repercussão negativa, o Manchester City foi o primeiro clube a oficializar o “procedimentos de saída” do grupo fundador da Superliga, às 17h30 (horário de Brasília); antes, seu treinador, Pepe Guardiola, já havia dito que “não é um esporte se o sucesso não está garantido”. O City puxou a fila inglesa de arrependidos, seguido por Manchester United, Arsenal, Tottenham, Liverpool e Chelsea. “Nós erramos e pedimos desculpas”, sintetizou o comunicado do Arsenal. Jürgen Klopp, treinador do Liverpool, também criticou o novo torneio, e foi apoiado por todos os jogadores do elenco principal com contas nas redes sociais, que publicaram a mensagem “nós não gostamos e não queremos que [a Superliga] aconteça”.

No Brasil, Daniel Alves e Miranda, jogadores do São Paulo com passagens por Internazionale, Atlético de Madrid, Barcelona e Juventus, também publicaram em suas redes sociais: “Futebol transforma vidas. Não permitamos que cartolas estraguem essas possibilidades de pequenos seguirem sonhando”, escreveu Alves. UEFA e FIFA, federações colocadas de lado na criação do torneio, ameaçaram punir os 12 fundadores nos atuais torneios europeus, que ainda estão em andamento, e a vetar os atletas que jogarem a Superliga de atuarem por suas seleções.

Policial que matou George Floyd é declarado culpado pelo júri em Minneapolis

Condenação do ex-policial Derek Chauvin pelo crime que provocou os maiores protestos antirracistas em décadas nos EUA e ao redor do mundo é considerada histórica

Os Estados Unidos fecharam nesta terça-feira um capítulo importante em sua história racial, o pecado original do país. O tribunal do júri de Minneapolis declarou culpado o ex-policial Derek Chauvin, 45 anos, pela morte do afroamericano George Floyd, 46 anos, em meio a uma prisão brutal em 25 de maio do ano passado na cidade. A tragédia, ocorrida em plena luz do dia e filmada por transeuntes, deu a volta ao globo e desencadeou uma mobilização global contra o racismo, tornando este mais do que um julgamento de um homem e mais do que um veredicto. Em um país com poucas decisões condenatórias contra forças de segurança, ativistas consideravam que a sentença poderia se tornar um ponto de inflexão na longa história de brutalidade policial contra os negros.

Assim que a sentença foi lida, foram ouvidos gritos de euforia próximo ao tribunal e no cruzamento de ruas hoje conhecido como “Praça George Floyd”, local onde Chauvin o matou. Tensão e protestos marcaram este processo, que deixou os Estados Unidos em suspense.

As deliberações duraram menos do que se poderia esperar. O júri, composto por sete mulheres e cinco homens de diferentes raças, reuniu-se durante 10 horas entre a segunda-feira e terça à tarde para chegar a um acordo por unanimidade. A dureza das imagens, os nove minutos de agonia de Floyd sob o joelho de um agente impassível, tiveram um papel importante neste processo e no estupor mundial que o caso despertou. Na história estará escrito o nome de Darnella Frazier, a jovem então de 17 anos que gravou todo o episódio e, com certeza, mudou o desfecho que parece selado nesses casos.

Em 25 de maio, uma patrulha policial se dirigiu a uma loja no sul da cidade após a notificação de que um cliente tinha pago por tabaco com uma nota falsa de 20 dólares. Era Floyd, de 46 anos, que continuava em um carro estacionado em frente à loja. Para superar sua resistência inicial, Chauvin o imobilizou no chão, com o apoio de outros dois agentes e então ocorreu esse desdobramento fatal. O joelho de Chauvin apertava o pescoço de um homem negro que não se mexia mais, que implorava que não conseguia respirar e logo depois parecia morto, sem que Chauvin removesse a pressão nem atendesse às queixas dos transeuntes, impotentes e desconcertados.

Durante as três semanas de julgamento, pelo tribunal do condado de Hennepin, onde fica a cidade de Minneapolis, alguns dos transeuntes estavam entre as 45 testemunhas. “Usem o bom senso, acreditem no que seus olhos viram, vocês viram o que viram”, disse o promotor Steve Schleicher. Este processo, sublinhou, “não é contra a polícia, é um processo a favor da polícia”. Chauvin “traiu seu distintivo, abandonou seus valores e seu treinamento e matou um homem”, acrescentou.

O policial, que foi demitido, foi condenado por homicídio em segundo grau (quando implica intenção no instante, mas não premeditação, e não se considera que o assassinato é intencional), homicídio em terceiro grau (definido em Minnesota como o cometido por alguém que, embora não tenha o objetivo de matar, causa a morte agindo de forma perigosa, com uma “mentalidade depravada” e sem se importar com a vida humana) e homicídio doloso em segundo grau. A duração da pena de Chauvin será anunciada em até oito semanas e pode ser de até 40 anos de prisão. Seus dois companheiros também aguardam julgamento, embora por delitos menores. Todos foram despedidos do corpo policial após o incidente.

O “caso Floyd” desencadeou a maior onda de protestos antirracismo nos Estados Unidos desde o assassinato de Martin Luther King e provocou uma verdadeira catarse nacional. Empresas e instituições, até mesmo o próprio Pentágono, fizeram um novo exame de consciência sobre a carga racial de seus símbolos e a glorificação dos emblemas da América confederada e escravista. Desta vez quem morreu não era um líder dos direitos civis, mas um homem com uma vida complicada, com um passado na prisão e um presente com problemas com drogas, que abalou os Estados Unidos, e justamente isso resultou em um debate mais profundo, sobre todas as probabilidades que um homem negro tem em relação a um branco de terminar à margem da sociedade e morrer sob o joelho de um policial.

É raro um tribunal condenar um policial no cumprimento do dever. Uma decisão da Suprema Corte de 1967 estabeleceu que as violações da aplicação da lei, quando realizadas “de boa fé”, em uma operação, gozam de “imunidade qualificada”. Em 2015, o mesmo tribunal especificou que esta dispensa exclui a violação de “direitos estatutários e constitucionais claramente estabelecidos”, mas a redação serviu de brecha para casos que hoje são lembrados com indignação. Rodney King tem sido lembrado nos dias de hoje, um dos primeiros abusos que o mundo pôde ver com seus próprios olhos. Uma noite, em 1991, a polícia prendeu King, que estava bêbado, e deu-lhe uma surra brutal e incompreensível. A subsequente absolvição dos oficiais gerou outra onda de protestos. “Embora nada possa trazer George Floyd de volta à vida, isso pode ser um grande adiante na luta por justiça nos Estados Unidos”, disse o presidente Joe Biden. “Ninguém deve estar acima da lei.”

Miguel Díaz-Canel é eleito o novo líder do Partido Comunista de Cuba

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, foi eleito o primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba nesta 2ª feira (19.abr.2021). A confirmação do novo líder do partido –o único na ilha–, acontece no último dia do 8º Congresso do Partido Comunista, evento que tem como objetivo definir e atualizar o modelo e as diretrizes políticas do partido. O antigo líder, Raúl Castro, renunciou ao cargo na última 6ª feira (16.abr.2021).

“Eleito Miguel Mario Díaz-Canel Bermúdez, Primeiro-Secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, na sessão plenária de encerramento do 8º Congresso”, anunciou o partido em sua conta no Twitter.

Raúl Castro já havia anunciado, em 2016, que aquele seria o último congresso da geração de comunistas que lutaram na Revolução de 1959 para derrubar o então ditador Fulgencio Batista. A saída de Raúl encerrou um período de 62 anos em que ele e seu irmão Fidel Castro ocuparam os cargos de maior poder no regime socialista do país. Ele comandava o partido desde 2011. Antes, Fidel ocupara o posto de 1965 a 2011.

Ao anunciar sua aposentadoria, na 6ª feira, Raúl Castro elogiou Díaz-Canel, dizendo que a escolha foi criteriosa e que o comunista soube formar uma equipe e promover a coesão com os órgãos superiores do partido nos 3 anos em ocupa o cargo de presidente da ilha.

“Já dissemos que Díaz-Canel não é fruto de improvisação, mas de uma escolha criteriosa de um jovem revolucionário com condições de ser promovido a cargos superiores”, disse Raúl no dia de abertura do 8º Congresso do Partido Comunista.

Miguel Díaz-Canel, de 60 anos, tornou-se presidente de Cuba em 2018, também após renúncia de Raúl. O político da “nova geração” de líderes cubanos assume o partido em meio a uma crise econômica. O PIB do país despencou 11% em 2020, depois que a pandemia do novo coronavírus paralisou o turismo, a principal atividade econômica da ilha.

Raúl Castro, uma revolução diferente da comandada por Fidel

Consciente de que o carisma do irmão e sua forma de exercer o poder eram inimitáveis, ele promoveu uma forma de governar colegiada

Quando em 31 de julho de 2006 Fidel Castro delegou provisoriamente a presidência a seu irmão Raúl, por causa de uma doença grave, os cubanos não podiam entrar nos hotéis de seu país nem alugar uma linha de celular, vender ou comprar casas, nem adquirir computadores nas lojas do Estado, nem viajar para o exterior sem pedir permissão das autoridades. Em Cuba só era possível acessar a internet no local de trabalho, e não havia nenhuma lei ou norma que impedisse Fidel de continuar a ser chefe de Estado e do Partido Comunista por muitos anos mais, embora estivesse dirigindo a ilha desde 1959.

Na época, George W. Bush era quem mandava na Casa Branca e as relações cubano-americanas viviam momentos de grande tensão. Os Estados Unidos eram o inimigo imperialista e ninguém teria dito então que Washington e Havana poderiam restabelecer relações se o bloqueio dos Estados Unidos não fosse levantado primeiro.

A primeira missão de Raúl Castro ao substituir o irmão foi garantir uma sucessão ordeira e sem traumas e, mais ainda, demonstrar que a revolução poderia sobreviver sem Fidel no comando. Em 2006, muitas chancelarias estrangeiras acreditavam que o fidelismo sem Fidel era impossível, e até faziam apostas sobre quanto tempo levaria para a ilha se tornar um país “normal”. Mas Fidel morreu dez anos depois sem nunca ter voltado à frente da política em razão de seu delicado estado de saúde, e nada aconteceu.

Raúl, o eterno número dois e ministro das Forças Armadas por quase meio século, foi formalmente nomeado presidente em 2008 e, três anos depois, eleito primeiro secretário do Partido Comunista. Ciente de que o carisma do irmão e sua forma de exercer o poder eram inimitáveis, desde que chegou ao Palácio da Revolução Raúl designou o Partido Comunista como “o único herdeiro digno de Fidel” e promoveu uma forma colegiada de governar, acabando com o personalismo e reforçando a institucionalidade.

De início Raúl Castro dedicou tempo considerável a fazer com que os Conselhos de Estado e de Ministros recuperassem o protagonismo perdido, já que na época de Fidel muitas decisões importantes eram tomadas no gabinete do líder com um pequeno grupo de colaboradores. Simultaneamente a esse esforço de institucionalização, Raúl Castro empreendeu uma ofensiva singular para acabar com o que chamou de “proibições absurdas” e “gratuidades indevidas”.

Os cubanos finalmente puderam se hospedar nos mesmos hotéis que os turistas estrangeiros, ter celular, vender suas casas e carros. Pouco a pouco o uso da internet foi sendo ampliado e o Governo eliminou o humilhante ‘cartão branco’, a autorização de saída, obrigatório para qualquer cubano que viajasse. Discretamente, o novo presidente cubano também começou a desmontar todos os andaimes de subsídios, folhas de pagamento infladas e ajuda econômica a empresas não rentáveis que durante décadas sustentaram o sonho de Fidel de uma sociedade igualitária e, assim, numa bela manhã saiu a notícia de que no setor estatal havia um milhão de postos de trabalho a mais do que o necessário.

Raúl optou pelo desenvolvimento do setor privado como forma de ajudar o país a sair da crise e reabsorver toda a força de trabalho excedente, depois de ter experimentado com sucesso o chamado “sistema de autogestão empresarial” nas corporações e indústrias das Forças Armadas, fórmula que dava maiores incentivos aos trabalhadores e mais autonomia à direção das empresas, visando maior eficiência econômica.

Ao contrário de Fidel, que durante a crise dos anos 1990 autorizou o trabalho autônomo, mas sempre o considerou um “mal necessário” e o asfixiou quanto pôde, Raúl deu estímulos com mais ousadia —em 2008 havia cerca de 150.000 autônomos em Cuba, hoje são mais de 600.000, ou seja, 13% da força de trabalho. Há quase uma década está sobre a mesa a constituição de pequenas e médias empresas e cooperativas não agrícolas, mas essa medida reformista de longo alcance, que tem sido defendida em inúmeras ocasiões por economistas para reativar o sistema produtivo, ainda não se concretizou. É uma das muitas tarefas pendentes que deixa aos seus herdeiros políticos na esfera econômica, onde a ilha enfrenta os desafios mais prementes no futuro imediato.

Em seus dez anos à frente do Governo (2008-2018), nada mudou substancialmente no campo político. Cuba continuou a ser um país de partido único, com um sistema estatal e planejamento central, mas as coisas mudaram no econômico, embora muito lentamente. Em mais de uma ocasião, Raúl Castro clamou contra a “velha mentalidade” instalada na parte mais obscura do partido e da burocracia do Estado, pedindo que não continuassem a impor empecilhos à roda das mudanças e que “as forças produtivas fossem destravadas”.

Ou não pôde ou não conseguiu, mas a verdade é que Raúl deixou aberto o caminho da reforma econômica, que é crucial para a sobrevivência da revolução cubana e um dos principais temas do VIII Congresso. Resta saber até onde seus sucessores estão dispostos a ir.

Outro momento importante de sua presidência foi a negociação da normalização das relações entre Cuba e os Estados Unidos. Em 2016, Raúl Castro recebeu uma visita à ilha que parecia impossível, a de Barack Obama —que, veladamente, foi depois criticado por Fidel em um comentário à imprensa. Mas logo em seguida Donald Trump chegou à Casa Branca e a reaproximação voou pelos ares. Antes de partir, também teve a iniciativa de estabelecer o limite máximo de dois mandatos de cinco anos para os altos cargos, o que, no seu caso, agora se cumpre. Se não houver surpresas, durante o VIII Congresso do PCC, que se realiza nestes dias em Havana, Raúl entregará a direção do Partido Comunista ao atual presidente do país, Miguel Díaz-Canel, que ele elevou a essa posição em 2018. É sua aposta pessoal para que a revolução sobreviva e continue sem o sobrenome Castro, sem dúvida o maior de todos os desafios.



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