:: ‘Internacional’
Um alerta contra a extinção da humanidade
Ativistas do clima bloquearam pontes e ruas de Londres, Berlim e outras cidades do mundo nesta segunda-feira (15/04) em uma ação coordenada da chamada Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção), movimento ambientalista que tem o apoio de intelectuais como Noam Chomsky e Naomi Klein.
Foram anunciadas duas semanas de protestos em 80 cidades de 33 países, com a mensagem de que, a menos que se adotem medidas imediatas contra as mudanças climáticas, a própria humanidade corre risco de extinção.
Em Londres, várias ruas do centro foram bloqueadas nesta segunda, e mais de cem pessoas foram presas. Milhares de manifestantes se posicionaram na Ponte de Waterloo, no Marble Arch (Arco de Mármore), na Praça de Parlamento e no Oxford Circus para exigir medidas urgentes contra as mudanças climáticas. Policiais começaram a deter ativistas à noite para tentar liberar a Ponte de Waterloo, e, na manhã desta terça, mais manifestantes se juntaram aos que resistiram no local.
Em Berlim, cerca de 200 integrantes do movimento e de outras iniciativas ambientalistas bloquearam a ponte Oberbaumbrücke. Das 16h30 (hora local) às 18h30, eles se sentaram em rodas sobre as pistas da famosa ponte que cruza o rio Spree, considerada um dos marcos da capital alemã.
Cerca de 400 policiais foram enviados ao local e bloquearam os acessos à ponte. Em vez de deixar a ponte voluntariamente, grande parte dos ativistas se deixou carregar por policiais até o próximo cruzamento. Ninguém foi preso.
Wir sind jetzt an einem Punkt angelangt, an dem es entweder nach vorne oder zurückgeht. Zurück zu „business as usual“, Neoliberalismus, strukturellen Ungerechtigkeiten, der Ausbeutung von Menschen und Natur …
(Video Thread 1/2) pic.twitter.com/VinIr0wV0G— Extinction Rebellion Berlin 🌍 (@XRBerlin) April 20, 2020
Nesta segunda, também houve manifestações em cidades como Heidelberg, Lausanne, Madri e Melbourne.
Estado de emergência
A Extinction Rebellion surgiu no ano passado, quando milhares de manifestantes tomaram as ruas de Londres. Desde então, os “Rebeldes da Extinção” do Reino Unido ocuparam pontes sobre o Tâmisa e tiraram suas roupas no Parlamento Britânico. E o movimento deles se expandiu para mais de 30 países ao redor do mundo.
A Extinction Rebellion da Alemanha se reuniu pela primeira vez em dezembro passado. Eles contam com centenas de membros e realizam reuniões regulares e eventos de treinamento. Eles se organizam via mídia social, reúnem-se em centros comunitários e cafés e fazem palestras em casas noturnas.
Assim como aestudante Greta Thunberg – líder do movimento Fridays for Future e que disse a líderes políticos que quer que eles ajam como se a casa estivesse em chamas –, a Extinction Rebellion acredita que o medo é a única coisa que motivará mudanças grandes o suficiente para dar ao mundo uma chance de sobrevivência.
“Esta é a nossa última oportunidade, é sério. É uma emergência”, diz Virginie Gailing, designer francesa e ativista do grupo que vive em Berlim.
“As emissões ainda estão subindo, e por isso precisamos suspender a vida normal”, diz Nick Holzberg, que trabalha em tempo integral para a Extinction Rebellion em Berlim. “A única maneira de fazer isso é a desobediência civil pacífica.”
O movimento exige que os governos declarem uma “emergência climática”, a fim de entrarmos em um modo de crise em que todas as atividades são suspensas para fazer da proteção climática uma prioridade.
Mais concretamente, os ativistas querem que os governos se comprometam com a neutralização do carbono até 2025 – em vez de meados do século, como a União Europeia e muitos governos nacionais almejam atualmente.
Com pouca fé de que governos irão tomar essa ação radical sozinhos, a Extinction Rebellion também exige uma “assembleia popular” para supervisionar a transição.
A iniciativa busca inspiração no Movimento dos Direitos Civis dos EUA e no movimento de não cooperação liderado por Mahatma Gandhi, em que mais de 60 mil cidadãos foram presos na luta pacífica pela independência da Índia.
Dezenas de “rebeldes da extinção” já foram detidos no Reino Unido e podem ser sentenciados à prisão. E para muitos deles, esse é o objetivo. Líderes ativistas do movimento argumentam que, com cidadãos comuns atrás das grades, a mídia, os governos e o público em geral serão forçados a prestar atenção.
“Temos que ser presos, pois acho que nada vai mudar até que violemos a lei pacificamente”, diz Holzberg.
Para além da ação individual
A Extinction Rebellion diz que cada vez mais pessoas se juntam a ela porque o movimento oferece uma mensagem contundente e admite que tirar a humanidade de seu curso de autodestruição irá exigir mais do que reciclagem, comer menos carne e abrir mão de carros.
“O que eu posso fazer individualmente não basta”, diz Gailing. “Tento não comprar nada novo, o que é incomum para um designer, tento limitar meu impacto. Mas temos que agir coletivamente para causar um impacto grande o suficiente para evitar um desastre.”
A ativista admite estar pessimista em relação ao futuro do planeta. Os “rebeldes da extinção” afirmam que a humanidade está numa encruzilhada: ou se resigna à extinção ou se une pelo futuro.
“Tenho acompanhado a ciência do clima há alguns anos e tenho enormes dificuldades emocionais para processar o que está acontecendo”, diz Hal Zabin, trabalhador norte-americano de 56 anos que mora em Berlim há 30 anos e participará dos protestos desta semana.
“Fazer algo de fato sobre a situação em uma comunidade, com uma cultura imensamente positiva e inclusiva, trouxe uma nova força para mim.”
Bernie Sanders, o milionário que enfrenta milionários
Autodeclarado socialista e a favor de mais impostos para ricos, pré-candidato à presidência divulga seus rendimentos dos últimos dez anos e se revela milionário. Democrata convoca Trump a também divulgar sua fortuna.
O senador Bernie Sanders, pré-candidato democrata na corrida presidencial de 2020 e um autodeclarado socialista – que defende políticas para aumentar impostos para milionários e bilionários e critica a desigualdade de renda nos EUA – divulgou suas declarações de imposto de renda dos últimos dez anos, que comprovam seu status de milionário.
Sanders entrou para o clube dos milionários com o dinheiro ganho com seu livro Our Revolution: A Future to Believe In (Nossa Revolução: Um Futuro para Acreditar, em tradução livre), publicado pouco depois de concorrer ao posto de candidato democrata à Presidência em 2016, quando foi derrotado por Hillary Clinton.
De acordo as declarações divulgadas pela campanha de Sanders, o democrata e a esposa tiveram juntos um rendimento bruto ajustado (adjusted gross income) de 561.293 dólares em 2018, de 1.131.925 de dólares em 2017, e de 1.062.626 de dólares em 2016 – valor consideravelmente acima dos 240.622 dólares mostrados na declaração de 2015.
“Essas declarações fiscais mostram que nossa família tem tido sorte. Sou muito grato por isso, pois cresci numa família que viveu de salário em salário e conheço o estresse da insegurança econômica”, disse Sanders num comunicado. “Considero que pagar mais impostos à medida que aumenta minha renda é tanto uma obrigação como um investimento em nosso país.”
Na semana passada, o senador havia revelado que sua fama literária nos últimos anos o colocou no topo da lista de indivíduos de alta renda.
“Isso [o dinheiro] vem de um livro que escrevi, um livro muito bom”, disse Sanders à emissora Fox News na segunda-feira (15/04). “Se alguém acha que eu deveria me desculpar por ter escrito um livro best-seller, me desculpa, não vou fazer isso.”
Sanders se recusou a divulgar suas declarações completas de imposto de renda quando disputou a nomeação do Partido Democrata na corrida presidencial em 2016. Na época, divulgou apenas a declaração para o ano fiscal de 2014. Desde então, Sanders publicou três livros e conquistou reconhecimento como político.
O senador de Vermont aparece novamente como um dos principais candidatos para a disputa em 2020, mas agora terá de administrar a incompatibilidade de décadas de retórica sobre milionários e bilionários americanos e sua recém-adquirida posição na sociedade dos Estados Unidos.
Ao lembrar que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assiste ao canal Fox News, Sanders aproveitou a oportunidade para repreender o magnata por não ter divulgado suas declarações. “Presidente Trump, minha esposa e eu acabamos de divulgar dez anos – por favor, faça o mesmo”, disse.
Trump quebrou uma tradição de décadas ao não divulgar sua declaração de imposto de renda na corrida presidencial de 2016. O magnata do setor imobiliário alegou que sua declaração estava sob auditoria – o Internal Revenue Service (IRS), porém, declarou que isso não impede sua divulgação.
Desde que assumiram o controle da Câmara dos Deputados em janeiro, os democratas têm apontado para a questão das declarações de renda não divulgadas de Trump e citaram uma lei pouco conhecida que permite ao Congresso revisar os rendimentos de qualquer pessoa para realizar uma investigação.
Os democratas especulam que Trump ou não é tão rico quanto afirma – o índice Bloomberg Billionaires avalia seu patrimônio em 2,8 bilhões de dólares – ou tem laços comerciais no exterior que podem comprometer sua independência.
No sábado passado, parlamentares democratas deram às autoridades tributárias um prazo final até 23 de abril para entregar as declarações de imposto de renda de Trump, mas ficou incerto se o órgão público vai cumprir a solicitação.
Fonte: DW
José Maria Marin é banido do futebol
A Câmara de Julgamento do Comitê de Ética da Fifa anunciou nesta segunda-feira (15), que baniu o brasileiro José Maria Marin do futebol por violação do Código de Ética da entidade . O ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) foi considerado culpado por participar de esquema de recebimento de propinas entre 2012 e 2015. Marin também foi condenado a pagar multa de 1 milhão de francos suíços (R$ 3,86 milhões).
Segundo a investigação, Marin recebeu suborno por contratos de direitos de TV de competições de Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), Concacaf (Confederação das Américas do Norte, Central e do Caribe de Futebol) e CBF.
Nova queda de Facebook, Instagram e WhatsApp
Rede de Zuckerberg sofre a segunda falha maciça em um mês
As redes sociais da empresa de Mark Zuckerberg (Facebook, Instagram e WhatsApp) voltaram a sofrer uma queda no serviço, a segunda em um mês e a quarta do ano. As falhas no serviço foram registradas a partir das 8h (horário de Brasília), sem que a empresa tenha informado sobre as causas. O Twitter e o Telegram se transformaram novamente nas redes alternativas tanto para mensagens como para envio de reclamações.
A falha nos serviços ocorre em plena comemoração do Domingo de Ramos e quando muitas irmandades utilizam as redes sociais para informar sobre a evolução e itinerário das procissões, da mesma forma que milhares de usuários recorrem aos aplicativos de mensagens para se encontrar e se localizar.
O problema foi registrado pouco antes das 8h. O Instagram sofreu as quedas nas conexões por celular e o Facebook, principalmente, através de seu site.
Os erros foram detectados pelos usuários enquanto os responsáveis pelas redes não deram explicações a respeito e mantinham suas páginas com informações relativas a novas nomeações e a luta para melhorar os conteúdos das conversas.
Na falha anterior, registrada em 13 de março, o Facebook informou um dia depois do incidente que a queda não estava relacionada a um ciberataque do tipo “DDoS”, “ataque de denegação de serviço”, que acontece quando os servidores ficam lotados por uma avalanche ingovernável de demanda de conexões. A rede com 2,3 bilhões de usuários ativos teve uma queda notável em novembro, atribuída a um “problema do servidor”, e outra em setembro, dessa vez por “problemas de rede”.
Após a maior queda dos serviços do Facebook, Instagram e WhatsApp no mês passado, a investigação penal aberta nos Estados Unidos pela gestão de dados e as mudanças na política da empresa de Mark Zuckerberg, este anunciou em um comunicado aos seus funcionários a demissão de dois de seus principais e históricos diretores: Chris Cox, chefe de produtos, e Chris Daniels, responsável de negócios do WhatsApp.
Wikileaks, o amor usado e abandonado por Trump
Presidente toma distância da plataforma de Julian Assange, a quem chegou a dar mais crédito do que aos serviços de inteligência dos EUA
A plataforma Wikileaks nasceu em 2006, mas só se tornou um fenômeno global em 2010, quando realizou o maior vazamento de documentos secretos da história dos Estados Unidos. Tratava-se de um arsenal de mensagens militares e diplomáticas que revelaram misérias sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque, além de todo tipo de detalhes inconvenientes sobre o que as autoridades americanas pensavam ou escreviam de outros líderes internacionais, desde o interesse pela saúde mental de Cristina Kirchner até a peculiar guarda feminina de Kadafi.
Com esses ingredientes, seria difícil imaginar que um candidato à presidência dos Estados Unidos se atrevesse a dizer qualquer palavra em defesa do site de Julian Assange. Mas quando uma criatura política como Donald Trump entra em cena, tudo é possível, e durante aquele 2016 em que lutava para chegar à Casa Branca, o magnata nova-iorquino não poupou elogios: “Wikileaks, amo o Wikileaks”, disse ele em um comício na Pensilvânia. “O Wikileaks é como um tesouro escondido”, afirmou em Michigan. “Cara, adoro ler o Wikileaks”, declarou em Ohio.
A plataforma tinha publicado uma tonelada de e-mails pirateados do Partido Democrata, que deixaram Hillary Clinton e seu partido em maus lençóis — um caso que os serviços de inteligência identificariam mais tarde como uma das grandes ramificações da alegada trama russa, a interferência de Moscou na campanha eleitoral para favorecer a vitória do republicano. E Trump se mostrava exultante. Mas na quinta-feira, quando a polícia britânica prendeu Julian Assange na Embaixada equatoriana em Londres, depois do pedido de extradição feito pelos Estados Unidos, o hoje presidente parecia outro. “Não sei nada sobre o Wikileaks”, respondeu à imprensa.
Já se foi a época em que Trump brincou pedindo que Vladimir Putin roubasse os e-mails de Clinton — “Rússia, se vocês estão nos ouvindo, espero que consigam encontrar os 30.000 e-mails de Hillary Clinton” —, ou quando dava mais crédito a Assange do que aos próprios serviços de inteligência americanos. Isso ocorreu em janeiro de 2017, já como presidente eleito, ao pôr em dúvida a acusação das agências de que o Kremlin era o responsável pelos vazamentos, algo que o Wikileaks negava. “Julian Assange diz que ‘um garoto de 14 anos pode ter hackeado [John] Podesta [ex-chefe de campanha do Clinton]’. Por que o Partido Democrata teve tão pouco cuidado? Além disso, ele afirmou que os russos não lhe deram a informação!”, tuitou Trump.
A simpatia pelo universo Wikileaks ia além dos disparates que o nova-iorquino costumava dizer no Twitter no calor da campanha. Seu filho mais velho, Donald Jr., trocou mensagens privadas com a plataforma em plena campanha. Naquela correspondência, que veio à tona em novembro de 2017 na revista The Atlantic como parte da investigação, pelo Congresso, da trama russa, o site de Assange incentivava o jovem a divulgar os vazamentos e o aconselhava sobre estratégias. Além disso, um dos assessores de Trump, Roger Stone, foi uma das peças-chave da investigação da trama por seus contatos com a plataforma.
Esse tipo de aproximação alimentou as suspeitas sobre a possível conivência de Trump ou de seu círculo com o Kremlin na interferência eleitoral. O relatório final do promotor especial Robert S. Mueller, encarregado do caso, isentou o presidente, que agora se distancia o máximo que pode do Wikileaks. Enquanto eram dados os últimos passos da investigação de Mueller, um grande júri estava investigando Assange. A Justiça americana o acusa de conspiração criminosa para se infiltrar em sistemas do Governo e de ter ajudado a então soldado Chelsea Manning a hackear computadores com informação secreta do Governo dos EUA em 2010. Assange poderia ser condenado a até cinco anos de prisão, mas seus advogados temem que os promotores ampliem as acusações e peçam uma sentença de décadas de cadeia. O grande vazador volta a ser um inimigo dos Estados Unidos.
Fonte: El País