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Ministra Cármen Lúcia nega habeas corpus para a bolsonarista Sara Winter, que segue presa

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia negou quatro pedidos de habeas corpus apresentados pela defesa da extremista bolsonarista Sara Winter, presa há 4 dias pela Polícia Federal

A extremista bolsonarista Sara Winter não obteve sucesso na apresentação de quatro habeas corpus requerendo a sua soltura. A ministra do STF, Cármen Lúcia, negou os pedidos e a extremista prossegue encarcerada.

A reportagem do jornal Folha de S. Paulo destaca que “as prisões foram decretadas pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) no inquérito que apura manifestações de rua antidemocráticas. Os pedidos de prisão foram apresentados na última sexta-feira (12) e são temporários, ou seja, têm duração de cinco dias.”

A matéria ainda informa que “de acordo com o MPF (Ministério Público Federal), há indícios de que o grupo continua organizando e captando recursos financeiros para ações que se enquadram na Lei de Segurança Nacional, que define crimes contra a ordem política e social.”

Fonte: 247

 

Brasil salta de quinto a segundo país com mais mortos por coronavírus no mundo em duas semanas

Com 41.828 óbitos, país ultrapassa Reino Unido. Pesquisadores veem aceleração da doença com reabertura do comércio. Projeção calcula 60.000 mortos até o fim do mês

Bastaram duas semanas para o Brasil saltar da quinta para a segunda posição no ranking de países com maior número de mortes pela covid-19. Nesta sexta-feira, o país ultrapassou o Reino Unido (que tem 41.481 mortes) ao registrar 41.828 vítimas fatais do novo coronavírus. De acordo com os dados do Ministério da Saúde, o país soma 828.810 infecções —com 909 novos óbitos e 25.982 casos notificados em 24 horas— e ainda investiga 4.033 mortes.

Há um mês, autoridades de saúde e cientistas alertam sobre a tendência de que o Brasil se torne o próximo epicentro global da pandemia, posto atualmente ocupado pelos Estados Unidos, com 2.083.548 de casos confirmados e 116.130 mortes. No ranking de óbitos por milhão de habitantes, o Brasil ocupa a 11ª posição global, com 180 mortes por milhão de pessoas. A Bélgica lidera a contagem, com 831 óbitos por milhão, seguida pela Espanha, com 580 mortes por milhão, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No início de maio, quando o Ministério da Saúde sequer registrava 8.000 óbitos pelo novo coronavírus, estudos da Universidade Johns Hopkings e um levantamento do Observatório Covid-19 BRindicavam que o país superaria 1,6 milhão de infecções. Na mesma época, especificamente no dia 8 de maio, a Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto publicou um estudo que apontava que o Brasil já teria dois milhões de casos de covid-19. Considerando essa estimativa, teríamos, hoje, quatro milhões de casos.

Em 20 de maio, oEL PAÍS estimou que apenas um em cada 20 casos é notificado pelo Governo e que o número de infectados no Brasil pode chegar a 3,7 milhões de pessoas. Esse é o número obtido quando se aplica o método de um grupo de matemáticos e epidemiologistas da London School of Hygiene and Tropical para calcular a subnotificação.

Vitor Engrácia Valenti, doutor em Ciências e professor da UNIFESP, que também trabalha com projeções feitas pela Oxford University de Londres, aponta que o Brasil já pode ser o epicentro global da pandemia. “Era esperado que, com uma estimativa de comportamento da doença, o pico de contágios chegasse em dois ou três meses depois do primeiro caso, mas a covid-19 ainda está em avanço no Brasil”, diz o pesquisador.

Valenti aponta que, com o recente relaxamento das medidas protetivas —comércio e outros serviços reabriram esta semana em São Paulo, a principal cidade do país— o Brasil pode registrar mais de duas mil mortes diárias no começo de julho. Já o professor de medicina Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, esse registro pode ser ainda maior. “Nós somos o único país no mundo que depois do dia 50 estava acelerando no número de casos e de óbitos. Temos projeções que indicam que podemos chegar a 5.000 óbitos por dia em julho”, afirma.

“Como não podemos prever o comportamento das pessoas, se vão respeitar o isolamento social ou não, é possível que tenhamos 3.000 ou 4.000 mortes por dia no próximo mês”, pondera Valeti. Um estudo do qual ele fez parte demonstra que o isolamento salvou pelo menos 10.000 vidas no país. Para o cientista, o que é certeza é que já não existe a possibilidade de se falar em um “cenário otimista” para o Brasil. “Em nossa projeção realista, o país teria 41 mil óbitos por covid-19 no dia 9 de junho, uma cifra muito próxima da registrada oficialmente na data [38.406], considerando a polêmica sobre a transparência nos números divulgados pelo Ministério. De acordo com a projeção pessimista, podemos chegar a 60 mil mortes até o final deste mês”.

Fonte: El País

Bahia registra 34.665 casos confirmados de Covid-19

Bahia registra 34.665 casos confirmados de coronavírus (Covid-19), o que representa 19,19% do total de notificações no estado. O boletim epidemiológico ainda contabiliza 14.976 pessoas recuperadas, 1.039 óbitos e 18.650 indivíduos monitorados pela vigilância epidemiológica e com sintomas da Covid-19, o que são chamados de casos ativos.

Os casos confirmados ocorreram em 347 municípios do estado, com maior proporção em Salvador (55,37%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 1.000.000 habitantes foram Itajuípe (9.272,36), Ipiaú (8.785,12), Uruçuca (7.797,65), São José da Vitória (7.601,20) e Salvador (6.624,20).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 50.011casos descartados e 95. 960 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas desta sexta-feira (12).

Na Bahia, 4.961 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui.

Taxa de ocupação

Na Bahia, dos 2.036 leitos disponíveis do Sistema Único de Saúde (SUS) exclusivos para coronavírus, 1.214 possuem pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação de 59,6%. No que se refere aos leitos de UTI adulto e pediátrico, dos 850 leitos exclusivos para o coronavírus, 634 possuem pacientes internados, compreendendo uma taxa de ocupação de 74%.

Cabe ressaltar que o número de leitos é flutuante, representando o quantitativo exato de vagas disponíveis no dia. Intercorrências com equipamentos, rede de gases ou equipes incompletas, por exemplo, inviabilizam a disponibilidade do leito. Ressalte-se que novos leitos são abertos progressivamente mediante o aumento da demanda.

Óbitos

1014º óbito – homem, 67 anos, residente em Valença, sem informação de comorbidades, data de admissão não informada, veio a óbito dia 21/05, em unidade da rede filantrópica, em Valença;

1015º óbito – mulher, 86 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial e diabetes, foi internada dia 03/06 e veio a óbito dia 08/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1016º óbito – mulher, 36 anos, residente em Lauro de Freitas, portadora de obesidade, foi internada dia 04/06 e veio a óbito dia 06/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1017º óbito – homem, 44 anos, residente em Lauro de Freitas, portador de obesidade, veio a óbito dia 31/05, em trânsito, em Lauro de Freitas;

1018º óbito – mulher, 63 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial e diabetes, data de internação não informada, veio a óbito dia 08/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1019º óbito – homem, 45 anos, residente em Feira de Santana, portador de diabetes e obesidade, data de admissão não informada, veio a óbito dia 29/05, em unidade da rede pública, em Feira de Santana;

1020º óbito – homem, 64 anos, residente em Tucano, portador de hipertensão arterial, diabetes, neoplasias e imunodeficiência, foi internado dia 30/05 e veio a óbito dia 04/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1021º óbito – homem, 77 anos, residente em Brumado, sem comorbidades, data de admissão não informada, veio a óbito dia 10/06, em unidade da rede pública, em Vitória da Conquista;

1022º óbito – homem, 50 anos, residente em Salvador, portador de doença cardiovascular, foi internado dia 04/06 e veio a óbito dia 07/06, em unidade da rede pública, em Salvador.

1023º óbito – homem, 86 anos, residente em Itabuna, sem informações acerca de comorbidades. Sem informação da data de internação, veio a óbito dia 11/06, em hospital filantrópico, em Itabuna;

1024º óbito – mulher, 65 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial. Internada dia 01/06, veio a óbito dia 05/06, em hospital da rede pública, em Salvador;

1025º óbito – mulher, 36 anos, residente em Itabuna, sem informação acerca de comorbidades. Sem informação da data de internação, veio a óbito dia 08/06, em hospital da rede pública, em Itabuna;

1026º óbito – homem, 79 anos, residente em Feira de Santana, portador de hipertensão arterial, diabetes mellitus e doença cardiovascular. Sem informação acerca da data de internação, veio a óbito dia 01/06, em unidade da rede pública, em Feira de Santana;

1027º óbito – homem, 79 anos, residente em Paulo Afonso, portador de diabetes mellitus. Sem informação acerca da data de internação, veio a óbito dia 25/05, em unidade da rede pública, em Paulo Afonso;

1028º óbito – mulher, 76 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial e outras comorbidades não descritas. Internada dia 24/05, veio a óbito dia 07/06, em hospital da rede pública, em Salvador;

1029º óbito – homem, 91 anos, residente em Camamu, sem informação sobre comorbidades. Veio a óbito dia 28/05, em domicílio;

1030º óbito – mulher, 71 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial, diabetes mellitus e doença cardiovascular. Internada dia 04/06, veio a óbito dia 09/06, em hospital da rede pública, em Salvador;

1031º óbito – homem, 60 anos, residente em Salvador, portador de hipertensão arterial, foi internado dia 20/05 e veio a óbito dia 29/05, em unidade da rede pública, em Salvador;

1032º óbito – homem, 54 anos, residente em Santa Inês, portador de hipertensão arterial, data de admissão não informada, veio a óbito dia 11/06, em unidade da rede pública, em Vitória da Conquista;

1033º óbito – homem, 56 anos, residente em Salvador, tabagista, foi internado dia 28/05 e veio a óbito dia 07/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1034º óbito – homem, 56 anos, residente em Salvador, portador de diabetes, foi internado dia 05/06 e veio a óbito dia 06/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1035º óbito – mulher, 86 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial e diabetes, foi internada dia 31/05 e veio a óbito dia 08/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1036º óbito – mulher, 95 anos, residente em Cansanção, sem informações de comorbidades, data de admissão não informada, veio a óbito dia 04/06, em unidade da rede pública, em  Cansanção;

1037º óbito – mulher, 87 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial e neoplasias, foi internada dia 27/05 e veio a óbito dia 09/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1038º óbito – mulher, 95 anos, residente em Salvador, portadora de hipertensão arterial e diabetes, foi internada dia 04/06 e veio a óbito dia 08/06, em unidade da rede pública, em Salvador;

1039º óbito – homem, 35 anos, residente em Salvador, portador de obesidade, foi internado dia 08/06 e veio a óbito dia 09/06, em unidade da rede pública, em Salvador.

OMS: transmissão de covid-19 a partir de assintomáticos é “muito rara”

A infectologista e chefe do departamento de doenças emergentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, afirmou hoje (8) durante a conferência de imprensa diária sobre o novo coronavírus que a propagação de covid-19 a partir de pacientes assintomáticos é “muito rara.” Segundo a médica, os dados levantados até agora mostram que pessoas que não apresentam os sintomas da doença possuem pouco potencial infectológico para contaminar indivíduos saudáveis. De acordo com a especialista, deve haver esforços dos governos para identificar e isolar pessoas que apresentam sintomas. “Nós sabemos que existem pessoas que podem ser genuinamente assintomáticas e ter o PCR (teste realizado para detectar a presença do vírus no organismo) positivo. Esses indivíduos precisam ser analisados cuidadosamente para entender a transmissão. Há países que estão fazendo uma análise detalhada desses indivíduos, e eles não estão achando transmissão secundária. É muito rara,”, afirmou a médica ao ser questionada por jornalistas. Ainda segundo Kerkhove, é necessário traçar todos os contatos que pessoas que desenvolveram a doença tiveram com outros indivíduos. A infectologista afirmou ainda que é necessário realizar mais estudos para chegar a uma “resposta verdadeira” sobre todas as formas de transmissão do novo coronavírus.

Bolsonaro comemora a “volta” da cloroquina enquanto até assintomáticos recebem a droga no SUS

Sem protocolo baseado em evidências científicas, e com pesquisas mundiais em xeque, tratamento da covid-19 com base no medicamento cresce no Brasil

Embalagem da hidroxicloroquina em uma foto feita nos Estados Unidos.GEORGE FREY / AFP

“A cloroquina voltou!”, comemorou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na noite desta sexta-feira. Ele se referia a mais um capítulo da novela envolvendo idas e vindas de pesquisas sobre a eficácia ou não do uso da substância no tratamento de pacientes com o novo coronavírus. Nesta semana, a The Lancet retirou de sua plataforma, a pedido dos autores, o estudo global que concluía que a cloroquina e seu derivado, a hidroxicloroquina, não ofereciam nenhum benefício para os pacientes, inclusive podendo aumentar o risco de morte em 30% dos casos. Dúvidas em relação à pesquisa fizeram a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar que retomará os testes com os medicamentos, interrompidos após a publicação do estudo. Enquanto pesquisadores do mundo todo se debatem sobre a eficácia ou não da substância e, principalmente, sobre seus efeitos colaterais, no Brasil não somente sua produção segue a todo o vapor, como os comprimidos têm sido distribuídos pela rede pública até para pacientes assintomáticos, contrariando o protocolo do Ministério da Saúde.

Foi o que aconteceu com o cozinheiro Lucas Bittencourt, 23 anos, da cidade de Porto Feliz, a 118 quilômetros de São Paulo. Ele trabalha em uma residência e fez o teste PCR, que atesta a presença do coronavírus, a pedido da chefe, que faz parte do grupo de risco. Para sua surpresa, já que não tinha sintoma algum, o resultado foi positivo. “Assim que soube fui ao posto de saúde. Só pediram para eu ficar isolado e me deram os remédios”, afirma ele. Os remédios mencionados por ele formam parte de um kit com sete medicamentos que obedecem ao protocolo de tratamento precoce adotado pela cidade para suspeitas de covid-19.

No kit estão incluídos hidroxicloroquina (para tratar malária e doenças autoimunes), azitromicina (antibiótico), ivermectina (vermífugo), celocoxibe (doenças autoimunes), paracetamol (febre e dores no corpo), metoclopramida (náusea e vômitos), enoxaparina (anticoagulante). Ao tomar o coquetel, o cozinheiro afirma ter sentido ânsia, dor de barriga e diarreia, mas elogiou a orientação recebida no posto de saúde. “Não tive medo de tomar a cloroquina”, diz. “Se eles me recomendaram é porque sabem o que estão fazendo”.

A Prefeitura de Porto Feliz afirmou em nota que “não há distribuição de kits no município”. E que o protocolo de prescrição da cloroquina só é realizado para pacientes sintomáticos após exames como função renal e hepática, tomografia computadorizada de tórax e eletrocardiograma laudado por cardiologista, bem como a “autorização formal de cada paciente”. E que só então é decidido pelo médico “se há ou não indicação com segurança do uso da hidroxicloroquina e das demais medicações que compõe o protocolo”.

No final do mês passado, o Ministério da Saúde emitiu novas diretrizes para a aplicação da cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes não só graves – como já era admitido – mas também com sintomas leves da doença, contanto que houvesse consentimento do médico e do paciente. A utilização desses medicamentos, fortemente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, despreza o fato de que os estudos sobre seu uso ainda são inconclusivos. O protocolo também vai contra o que aponta a única pesquisa brasileira sobre a droga. Em 18 de abril, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou uma nota afirmando que doses altas da cloroquina não eram indicadas para o tratamento de pacientes graves com a covid-19 e que ainda não era possível atestar a eficácia de seu tratamento sobre a doença. Os resultados, ainda iniciais, até hoje não avançaram e não há conclusão sobre o estudo.

Receita médica recebida por um paciente assintomático no Estado de São Paulo, para o tratamento da covid-19

Por isso, o Tribunal de Contas da União (TCU) deu dez dias, a contar do último dia 3, para que o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) expliquem a fundamentação técnica e jurídica que levou ao novo protocolo. O ministro Benjamin Zymler, do TCU, destacou que essa nova orientação pode elevar os gastos públicos em saúde, tanto com a compra do medicamento, quanto com a realização de exames.

De fato, até o final de maio, o Laboratório Químico Farmacêutico do Exército (LQFEx) já havia produzido 1,25 milhão de comprimidos de cloroquina para atender à demanda do Ministério da Saúde. Antes do início da crise da covid-19 o LQFEx produzia um lote de 250.000 comprimidos a cada dois anos, sendo esta demanda exclusiva do Exército Brasileiro, para o combate à malária. Os números da produção da droga são altos, em comparação aos anos anteriores, mas o Ministério da Saúde já distribuiu aos Estados quatro vezes mais que essa produção. Até o momento, 4,3 milhões de comprimidos da cloroquina foram enviados para as secretarias estaduais da Saúde em todo o país. Segundo a pasta, quatro empresas têm registros válidos junto à Anvisa para fornecer o medicamento: Apsen Farmacêutica, Sanofi Aventis, Medley Sanofi no Brasil, e EMS Indústria Farmacêutica. Elas são responsáveis por abastecer o mercado público e privado no país.

Do número total de comprimidos distribuídos, quase 1 milhão foram enviados para São Paulo, o epicentro desta pandemia e Estado com o maior número de casos e óbitos até este sábado, 6 de junho. Apesar da grande remessa recebida, o governador João Doria (PSDB) lembrou, em entrevista ao EL PAÍS, que “a ciência não recomenda [o uso da droga], exceto em casos muito especiais, com prescrição médica e a aceitação do paciente, porque os efeitos colaterais são muito graves, principalmente para cardíacos”. Ele classificou a orientação do Governo Federal como uma “vontade deliberada de recomendar o uso indiscriminado” da substância.

Mas os municípios paulistas não necessariamente seguem o governador. Em entrevista para o Jornal da Cultura, o prefeito de Porto Feliz, o médico Antonio Cássio Prado (PTB), afirmou que o kit distribuído pela rede a pessoas como o cozinheiro Lucas Bittencourt, mencionado no início desta reportagem, custa menos de 40 reais e “tem eficiência na fase inicial da doença, nos primeiros cinco ou seis dias”.

O caso da bancária Bruna Torres de Lara, 27 anos, foi diferente. Ela procurou o posto de saúde de Porto Feliz com dores no corpo, falta de ar e tosse excessiva. Fez eletrocardiograma, exames de sangue e tomografia, que detectou uma mancha no pulmão. Saiu do atendimento com uma receita médica e um kit com os sete medicamentos. Não fez exame para detectar o novo coronavírus na rede pública, mas optou por seguir o protocolo de cinco dias e o isolamento de duas semanas. Assinou o termo de consentimento, que deixa claro os riscos dos medicamentos. “Não sei se foi por excesso de medicação, ou se foi a hidroxocloroquina, mas em um dos dias me deu um mal estar forte, dor de cabeça, ânsia, diarreia”, conta. Os sintomas duraram pouco, mas ela decidiu fazer o exame de PCR na rede privada para ter certeza. O resultado saiu uma semana depois, após ela terminar os medicamentos, e foi negativo para o coronavírus.

A prefeitura de Porto Feliz não quis compartilhar o protocolo técnico com a reportagem, nem responder em qual pesquisa se baseia. A assessoria de comunicação informou por telefone apenas que é o mesmo utilizado na cidade de Floriano, no Piauí, que chamou a atenção da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves. A ministra se disse “impactada” com o “milagre do uso da cloroquina associada a medicamentos”, após uma visita à cidade de cerca de 60.000 habitantes, que teria obtido bons resultados com os fármacos. O protocolo foi recomendado pela médica piauiense Marina Bucar Barjud, que trabalha no Hospital HM Puerta del Sur em Madri, com base em sua na experiência na Espanha.

“O que mais querem, que desça um anjo do céu para dizer que o remédio dá certo? São milhares de cientistas no mundo atestando, médicos do mundo inteiro atestando, que mais vocês querem?”, afirmou Damares, em entrevista coletiva durante a visita ao Hospital Regional Tibério Nunes na segunda semana de maio, que utiliza o protocolo. A cidade piauiense registrou 18 mortes e 82 casos confirmados; 39 pessoas se recuperaram da doença.

A reportagem tentou falar com Marina Bucar, que tem dado consultorias sobre o protocolo para municípios brasileiros, mas segundo seu irmão, o também médico Walter Bucar Barjud, a médica está com “muito trabalho, assessorias importantes, treinamento e orientações para médicos que estão salvando vidas com sua ajuda” e não poderá dar entrevista.

Embates teóricos

Não é a primeira vez que uma pesquisa sobre os medicamentos é derrubada de uma publicação científica. No dia 20 de maio, a revista medRxiv retirou do ar o primeiro estudo que recomendou a utilização de cloroquina e hidroxicloroquina em pacientes com a covid-19. O trabalho dos pesquisadores franceses ganhou repercussão mundial, levando líderes como o presidente dos EUA Donald Trump a defender as drogas. O uso indiscriminado das drogas pós-publicação, especialmente fora do ambiente hospitalar, causou preocupação no próprio órgão regulador de alimentos e medicamentos do EUA (FDA). “Autorizamos seu uso temporário apenas em pacientes hospitalizados com covid-10 quando os ensaios clínicos não estão disponíveis ou a participação não é viável”, afirmou o FDA. Segundo o órgão, “estes medicamentos têm vários efeitos colaterais, incluindo problemas sérios de ritmo cardíaco que podem ser fatais”.

O trabalho dos pesquisadores franceses recebeu uma enxurrada de críticas pela metodologia e amostra reduzida – apenas 30 pacientes -, o que fez com que os autores pedissem a retirada da pesquisa do ar e também que ela não fosse citada em outros trabalhos científicos. “Por conta da controvérsia sobre a hidroxicloroquina e da natureza de seu estudo, eles [autores] gostariam de avaliar o manuscrito após revisão metodológica”, afirmou em nota a revista científica.

O estudo em defesa da cloroquina e da hidroxocloroquina caiu justamente quando aconteceu a divulgação de uma pesquisa considerada mais robusta, na The Lancet. O estudo teria sido realizado com 96.000 pacientes em 600 hospitais de todo o mundo, inclusive Brasil. A pesquisa parecia ter concluído a questão, ao afirmar categoricamente que os medicamentos aumentavam o risco de morte e piora cardíaca. França e Itália proibiram seu uso, enquanto a Bélgica alertou sobre sua utilização fora dos ensaios clínicos. Mas também não passou pela revisão da comunidade científica. Uma carta aberta assinada por mais de 120 pesquisadores criticaram inconsistências no estudo. A agência de medicamentos espanhola concluiu que o estudo não fornecia provas sólidas e recomendou que se continuem os ensaios clínicos com esses fármacos no país.

Paralelamente, uma investigação do jornal britânico The Guardian revelou problemas com as informações passadas pela empresa norte-americana Surgisphere, cujo banco de dados de pacientes e pesquisas médicas foi utilizado na pesquisa. Dados da Austrália, por exemplo, mostravam um número de mortos maiores do que o registrado do país. A companhia – que tem poucos profissionais da área média entre seus colaboradores, mas, curiosamente, tem um escritor de ficção científica e um ator pornô na equipe -, se recusou a liberar o acesso ao banco de dados alegando confidencialidade.

 

Movimento antivacina cresce em meio à pandemia

“Como é que ficam os antivacinas agora?”, perguntava-se, jocosamente, o apresentador e comediante Pablo Motos em seu programa da TV espanhola há algumas semanas. Desde que a pandemia estourou, multiplicaram-se as piadas sobre esse coletivo que desconfia das agulhas. Dava-se como certo que estariam escondidos ou teriam sido obrigados a mudar de opinião, em meio a uma crise sanitária global que só pode ser solucionada com imunização. Mas basta conhecer um pouco do pensamento desse grupo de ativistas irredutíveis para saber que a realidade é muito diferente. Os antivacinas não estão calados, e sim mobilizadíssimos, como aconteceu em todas as crises sanitárias anteriores. O zika, a gripe A e agora o coronavírus são episódios que contêm os fatores que confirmam suas crenças e os ajudam impulsioná-las, por mais paradoxal que pareça. A pandemia atual é a tempestade perfeita onde se juntam todos os elementos de uma batalha para a qual passaram décadas se preparando.

A incerteza alimenta o pensamento paranoico, e esses grupos são especialistas em jogar lenha nessa fogueira. Trabalharam bem o manual da infoxicação na Internet e há meses vêm semeando dúvidas e conspirações. “Minha resposta curta é que os antivacinas vão crescer”, adverte o sociólogo Josep Lobera, “embora eu ache que estamos a tempo de fazer as coisas direito”. Enquanto as piadas sobre os antivacinas se espalhavam no Twitter, os próprios divulgavam histórias inventadas, como uma britânica que havia morrido após se oferecer para testar uma vacina experimental, que tudo tinha sido orquestrado por Bill Gates, que era possível obter uma falsa “imunidade natural” e que sete crianças haviam falecido no Senegal na primeira imunização maciça. Quando a verdadeira vacina chegar às farmácias, esses grupos terão tido tempo de que suas mentiras e meias-verdades se cristalizem como receios e desconfiança em parte do público. “Estamos a tempo de fazer as coisas direito, mas agora é mais difícil do que numa situação normal, e isso me leva a pensar que veremos crescer os movimentos antivacinas. Assim que tivermos a vacina, haverá campanhas mais fortes e com mais repercussão”, diz Lobera. Esse sociólogo da Universidade Autônoma de Madri acaba de publicar um estudo que associa o sentimento antivacinas na Espanha à desconfiança em relação à medicina convencional.

A Organização Mundial da Saúde já considerava a rejeição à imunização como uma das principais ameaça sanitárias em 2019, quando o número de casos de sarampo triplicou em relação ao ano anterior. Agora, o problema poderia inclusive chegar a ameaçar a ansiada imunidade de grupo frente ao coronavírus, que, segundo as estimativas mais aceitas, é atingida quando cerca de 70% da população têm anticorpos. Segundo um estudo publicado na revista The Lancet, 26% dos franceses não tomariam a vacina se ela já estivesse disponível. No Reino Unido, 12% não se vacinariam e mais de 18% tentariam que familiares ou amigos não se imunizassem, segundo um trabalho da Universidade de Cambridge. Uma quarta parte da população norte-americana tampouco tem interesse em se vacinar contra a covid-19, segundo a Reuters, uma rejeição que alcança 34% entre os eleitores republicanos, segundo o levantamento do Instituto Pew. Apenas 40% dos norte-americanos menores de 60 anos estão convencidos de que se vacinariam, segundo a AP.

Nem todos esses milhões de cidadãos relutantes se encaixam na etiqueta de antivacinas. Há um círculo reduzido de ativistas militantes que vivem isso como um credo; um maior de famílias que têm receios; e finalmente há o público general, que pode chegar a desconfiar, à luz dos acontecimentos e de suas circunstâncias pessoais.

As autoridades devem ser muito transparentes e sinceras mostrando toda a informação disponível sobre o processo de desenvolvimento das vacinas, reconhecendo que há pressa, erros e interesses comerciais, diz Lobera. Sobretudo deixando claro que tudo isso será controlado para obter um produto final excelente. E será ainda melhor se for possível permitir que a população escolha entre diversos tipos de vacinas. Porque estes receios que já eram observados costumam crescer ao calor das desconfianças contra os interesses de laboratórios farmacêuticos e Governos. Como explicava a ensaísta Eula Biss em seu livro Imunidade, grande parte da desconfiança em relação ao produto final, a vacina, na verdade se centra no que acreditam que os fabricantes seriam capazes de fazer para ganhar dinheiro.

Estes receios também existem, embora em menor grau, na Espanha. Até agora sabíamos que mais de 6% dos espanhóis acreditam que os riscos das vacinas infantis superam seus benefícios, segundo um estudo da Fecyt realizado pelo próprio Lobera. Mas, com a chegada da pandemia, multiplicaram-se as crenças sobre conspirações, que são a porta que se abre para deixar outras ideias alternativas passarem. Segundo o Instituto Reuters, ligado à Universidade de Oxford, 29% dos espanhóis acreditavam no começo de abril que o vírus foi criado em laboratório, e 12% consideravam que as companhias farmacêuticas estavam especulando com uma vacina que já estaria desenvolvida (e 21% não tinham certeza sobre isso), segundo um trabalho de María Victoria-Mas, da Universidade Internacional da Catalunha. Estas conspirações estão inundando conversas nas redes sociais e Whatsapps, fora do radar. Na Itália, no sábado passado, houve uma manifestação dos coletes laranjas, um coletivo segundo o qual o vírus não existe, as vacinas são nocivas e a culpa da pandemia é do 5G e de Bill Gates. Um estudo recém-publicado mostra que existe uma relação direta e robusta entre acreditar em conspirações e se negar a receber uma vacina contra a Covid.

“Com muita frequência, os responsáveis por proteger o público não parecem entender como a informação se movimenta na era da Internet”, lamentava recentemente Renée DiResta, pesquisadora de Stanford que foi das primeiras a alertarem para as armadilhas dos antivacinas nas redes. As crises sanitárias são ideais para impulsionar sua pauta. Durante os surtos de sarampo que atingiram diversos pontos dos EUA no ano passado, os grupos contrários à imunização foram os que mostraram um maior crescimento em redes como o Facebook, como adverte um estudo publicado na semana passada na Nature. “É quase como se tivessem estado esperando por isto. Cristaliza tudo o que vinham dizendo”, escreveu Neil Johnson, autor do estudo, sobre como os ativistas antivacinas estavam aproveitando esta circunstância.

“As reclamações contra as vacinas em Internet não são estáticas. Respondem às notícias que vão mudando e ao desenvolvimento de novas técnicas retóricas”, afirma Jonathan Berman em seu recente livro Anti-vaxxers (antivacinas”, MIT Press). A análise dos sites que se opõem às vacinas mostra uma evolução relevante nos temas que centram seus argumentos: caem as menções às vacinas como causadoras de outras doenças e a promoção de remédios alternativos, e sobem as teorias conspiratórias. Enquanto os defensores das vacinas continuam brigando contra o falso vínculo com o autismo, os antivacinas vão discretamente abandonando essa trincheira para se centrarem em narrativas sobre a liberdade de escolha,como explica DiResta.

“Surpreendentemente, apesar de as táticas dos sites contra a vacinação se adaptarem com o tempo, as mensagens gerais que são difundidas recaem nas mesmas categorias básicas que usavam na década de 1850. O tema da liberdade pessoal, os temores com a contaminação do corpo e a desconfiança em relação ao Governo e aos cientistas ainda são utilizados, mais de um século e meio depois”, observa Berman em seu livro. Na última década, assistimos a uma erosão constante da confiança na ciência e nos especialistas, e mais ainda nos últimos meses, o que pode servir de combustível para atacar uma futura campanha de vacinação.

“Há um tronco comum entre o pensamento antivacina e algumas posições políticas extremas, associado à ideia de que as elites não cuidam de nós”, afirma Lobera sobre o risco agregado de polarizar politicamente as campanhas de imunização. Na França, os eleitores da esquerda de Mélenchon e da direita de Marine Le Pen são os mais reticentes a se vacinarem contra o coronavírus. Isto pode propiciar maior mobilização contra essa vacina em paralelo com a ideologia, como acontece em países como a Polônia e a Itália.

As autoridades sanitárias já estão preocupadas com o desenrolar dos acontecimentos: um artigo publicado na revista da Associação Médica Norte-Americana alerta que as narrativas que mais circulam estão questionando a segurança de uma futura vacina, criticando como “tirânica” a imunização obrigatória e promovendo teorias conspiratórias, como a de que essa vacina servirá de pretexto para injetar um microchip que vigie a população. Algumas podem parecer ideias ridículas, mas esses médicos pedem a ativação imediata de campanhas de saúde pública para rebater e prevenir a propagação de ideias marginais, “antes que mitos perigosos se arraiguem na psique pública”.

“Não é uma história fechada”, avisa Lobera. E acrescenta: “O que acontecer com esta pandemia dependerá de como as cartadas médicas, políticas e de comunicação forem jogadas. Porque há muitos aspectos sensíveis, e é preciso jogar bem com os aspectos comunicativos”.

DESMONTAR BOATOS FUNCIONA

O pesquisador Timothy Caulfield acaba de publicar um estudo no qual explica que é possível confrontar boatos infundados, como os espalhados por coletivos antivacina. Ele mesmo o resume neste decálogo: 1- Proporcione a informação científica (sim, funciona). 2- Use conteúdos claros e que possam ser compartilhados. 3- Cite fontes independentes e confiáveis. 4- Se existir, ressalte que há consenso científico (e que a ciência evolui). 5- Seja amável, natural e humilde. 6- Crie uma narrativa (a criatividade ganha). 7- Chame a atenção para as falácias. 8- Titule com os fatos (não com a desinformação). 9- Recorde que sua audiência é o público geral (não o negacionista radical).

Fonte: El País

O ‘chavismo’ de Bolsonaro e o risco das milícias armadas no Brasil

Aliar a liberação de armas e munições pelo Governo à violência política pode gerar resultados explosivos

Jair Bolsonaro defendeu armar a população para, junto com as Forças Armadas, evitar governos absolutistas em um evento do Exército em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, neste sábado (15). Entidades da sociedade civil e parlamentares repudiaram a declaração, alertando a gravidade de um presidente sugerir que o povo prefira armas e não leis para defender direitos em uma democracia. E questionando se, com isso, ele deseja formar milícias para defender uma “República Bolsonariana”, plagiando a Venezuela.

“Nossa vida tem valor, mas tem algo muito mais valoroso do que a nossa vida, que é a nossa liberdade. Além das Forças Armadas, defendo o armamento individual para o nosso povo, para que tentações não passem na cabeça de governantes para assumir o poder de forma absoluta”, discursou o presidente.

“Após três decretos para liberar armas em cinco meses de governo, o presidente finalmente expõe suas razões: armar pessoas para defender seu governo. O nome disso é milícia”, afirmou ao blog Ivan Marques, diretor executivo do Instituto Sou da Paz, que atua para reduzir a violência no país.

Ele se refere aos polêmicos decretos publicados pela Presidência da República que facilitaram o porte de armas e ampliaram o leque de armas à disposição dos civis e a quantidade de munição que pode ser comprada por eles. Em nota técnica, Débora Duprat e Marlon Weichert, chefe e adjunto da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão da Procuradoria-Geral da República, afirmaram que os decretos “criam as condições para a venda em larga escala e sem controle de munições e armas, o que certamente facilitará o acesso a elas por organizações criminosas e milícias e o aumento da violência no Brasil”.

Bolsonaro afirmou que “temos exemplo na América Latina” de governos que assumiram de forma absoluta e que “não queremos repeti-los”. Mas, de acordo com Ivan Marques, é exatamente isso o que ele está fazendo com suas ações e discursos, seguindo os mesmos passos do finado presidente venezuelano Hugo Chávez – que liberou armas aos seus correligionários para defender o seu governo ao lado das Forças Armadas bolivarianas. “Será o sonho do presidente criar a ‘República Bolsonariana’? Às custas de quantas mortes?”, questiona o diretor do Sou da Paz.

“É muito grave um presidente da República declarar que as pessoas têm que pegar em armas para garantir sua liberdade e seus direitos ao invés de defender que isso seja feito através de leis”, afirmou ao blog o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Ele presidiu a CPI do Tráfico de Armas e Munições e a CPI das Milícias, quando deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. “Apesar de parecer inimputável, Bolsonaro não é. Ele foi eleito presidente. Vamos buscar medidas a serem tomadas no Congresso sobre isso”, afirmou o deputado. Parlamentares preocupados com a declaração devem se reunir, ainda nesta segunda (17), para discutir o que será feito.

O discurso do presidente assemelha-se às narrativas paranoicas dos fóruns armamentistas norte-americanos e brasileiros, da necessidade de lutar contra líderes tirânicos ou ameaças externas. Mas não há governo tirânico sem o apoio das Forças Armadas. O que, para representantes de entidades da sociedade civil com o qual o blog conversou, apenas parece contradição. “Bolsonaro disse que as pessoas têm que se armar para proteger o Estado. Mas é ele quem está à frente do Estado”, lembra Freixo. Ivan Marques vai na mesma linha: “se Bolsonaro tem as Forças Armadas, para que ele precisa do cidadão armado? Ele quer ambos lutando contra quem?”.

Uma resposta plausível é fazer pressão contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, que têm garantido freios e contrapesos às decisões e ações de seu governo, evitando guinadas que passem por cima da separação dos poderes ou de garantias fundamentais. Por exemplo, o presidente tenta governar por decretos, que estão sendo analisados e revistos por ambas instituições. Vendo que não consegue avançar dentro das regras do jogo, passa a acusar forças ocultas de tentarem derrubá-lo, fortalecendo a identidade reativa diante de um inimigo. “Você começar a queimar as instituições democráticas e a falar diretamente com a população que o apóia, como aconteceu com Hugo Chavéz e Nicolás Maduro”, afirma Bruno Paes Manso, doutor em Ciência Política e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo. “Esses grupos, consequentemente, vão servir de sustentação de seu governo. Esse é, aliás, o manual dos governantes populistas.”

“Parece que um dos grandes objetivos do núcleo duro bolsonarista é convencer a população como as instituições atrapalham a implementação de seu projeto de poder, tentando emparedar essas instituições”, afirma o pesquisador. “Ele não quer governar para o país, quer governar para aqueles que concordam com ele. Reestabelecer uma pretensa ‘ordem perdida’ pela violência. Uma distopia miliciana.”.

Fonte: UOL

Coronavírus em SC: Estado confirma 9.037 casos e 143 óbitos por Covid-19

Santa Catarina já registrou 9.037 pacientes com teste positivo para Covid-19, dos quais 5.207 já estão recuperados e 3.687 permanecem em acompanhamento. O número foi divulgado neste domingo, 31. O coronavírus já causou 143 mortes no estado desde o início da pandemia. Com isso, a taxa de letalidade é de 1,58%. Entre as mortes estão: dois homens de 85 anos, sem comorbidades, e uma mulher de 70 anos, de Itajaí, um homem (88) de Joinville, um homem (52) de Xaxim, uma mulher (43) de Concórdia, e um homem (80) de Chapecó, todos estes cinco casos com comorbidades.

Papa diz que pessoas são mais importantes do que a economia

Foto: internet

O papa Francisco afirmou que pessoas são mais importantes do que a economia. A afirmação foi feita no momento em que alguns países decidem com que rapidez vão reabrir suas economias após as restrições causadas pelo novo coronavírus. O papa fez os comentários neste domingo (31), no Vaticano, a partir de texto preparado, no primeiro discurso do meio-dia de sua janela sobre a Praça de São Pedro em três meses, conforme o isolamento da Itália chega ao fim. “Curar as pessoas, não poupar (dinheiro) para ajudar a economia, (é importante) curar as pessoas, que são mais importantes do que a economia”, disse. Nós, pessoas, somos templos do espírito santo, a economia não”, completou. O papa Francisco não mencionou nenhum país. Muitos governos estão decidindo se reabrem suas economias para salvar empresas e padrões de vida, ou se mantêm o lockdown até que tenham certeza que o vírus está sob controle. As palavras do papa foram recebidos com aplausos de centenas de pessoas na praça, muitas usando máscaras e mantendo vários metros de distância umas das outras. A praça foi reaberta ao público no domingo passado (24). Normalmente dezenas de milhares de pessoas comparecem ao local aos domingos

O ar livre como profilaxia contra o coronavírus

A maioria dos focos de contágio ocorre em lugares fechados. Em São Paulo o comércio irá abrir e parques continuarão fechados

Três pessoas com máscaras conversam sentadas num banco, em Madri, na quarta-feira passada.VICTOR SAINZ / EL PAÍS

A palavra resfriado é enganosa. Evoca o frio, mas o que causa infecções são os vírus (ou bactérias), não os graus marcados no termômetro. A temperatura pode ajudar, mas não é decisiva para a propagação de doenças respiratórias; não pelo menos de forma direta. A chave é que, no inverno, nos fechamos mais. Os cômodos pouco ventilados são o caldo de cultivo perfeito para que gripes e catarros se concentrem e propaguem. Isso também vale para a covid-19, que tem no ar livre um de seus principais inimigos, como mostra o que vai se descobrindo sobre o coronavírus SARS-CoV-2.

qualquer momento, mas no verão parece menos provável, assim como é mais difícil pegar uma gripe nessa época. Muito já se especulou sobre como o calor poderia afetar a transmissão do vírus, sem conclusões determinantes, embora os países tropicais demonstrem que não é um fator decisivo. Se muitos especialistas esperam um verão sem sobressaltos, isso é porque as pessoas tendem a ficar mais tempo em ambientes abertos.

“O velho ditado de abrir as janelas para que corra o ar é o melhor para [lutar contra] o vírus”, diz Antoni Trilla, epidemiologista e assessor do comitê científico do Governo espanhol. Em lugares fechados, prossegue, é mais provável que se concentrem partículas em suspensão e que elas sejam inaladas. “Se mantivermos distâncias ao ar livre, a possibilidade de contágio é muito, muito baixa”, salienta.

Tudo é questão de probabilidades. Por menos que se saia à rua, o risco zero não existe. É possível cruzar com uma pessoa com a má sorte de que esteja infectada, inalar uma gotícula com vírus e se contagiar. Mas a possibilidade de que isto aconteça é remota. O risco de transmissão cresce quanto mais tempo se estiver em contato com um doente, e quanto mais próximo for este contato, já que a quantidade de vírus inalada influi na probabilidade de contágio.

Os estudos já feitos sobre locais de contágio indicam que a grande maioria se dá em lugares fechados. Gwen Knight, do Centro de Modelos Matemáticos para Doenças Infecciosas, reuniu diversos estudos científicos (além de outro tipo de publicações). Como informa o divulgador Luis Jiménez, dos 188 focos analisados apenas 7 (ou 3,7%) tinham origem numa atividade realizada exclusivamente ao ar livre. “Do ponto de vista do número de infecções confirmadas, os casos externos se relacionam com 150, enquanto os casos ocorridos internamente se relacionam com mais de 9.000”, aponta Jiménez após analisar os dados.

Ildefonso Hernández, professor e porta-voz da Sociedade Espanhola de Saúde Pública e Administração Sanitária, afirma que em todos os estudos publicados apontam que grande parte dos surtos explodiu em lugares fechados: moradias, empresas, restaurantes, lojas, templos religiosos, hospitais, hotéis, funerais, conferências. “Também podem ocorrer em locais abertos, mas o risco é muito menor”, diz.

Ainda que as possibilidades diminuam, “não são nulas”, diz María del Mar Tomás, microbiologista da Sociedade Espanhola de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica. “Também não deveríamos relaxar ao ar livre. A epidemia está bem mais controlada, mas é preciso ter cuidado com a sensação de que passou”, alerta.

Possibilidade de novo surto

Um bom exemplo disso é o que aconteceu em Lleida, em que uma festa de aniversário com 20 pessoas causou um surto que pode atrasar o avanço do território à chamada nova normalidade. Se tudo corresse bem, a próxima fase da flexibilização viria na próxima segunda-feira, algo que agora parece improvável.

A recomendação de Tomás é não descuidar das distâncias de segurança também em espaços abertos, mas acha que é melhor realizar as reuniões com familiares e amigos ao ar livre e não em lugares fechados e, se for possível, com um número reduzido de pessoas. “A casa nos dá uma sensação de segurança que pode ser traiçoeira. Se fazemos uma festa em um domicílio, podemos relaxar, largar as medidas de prevenção e pode ocorrer uma surpresa”, frisa.

Trilla pede para que se aproveitem as vantagens de um país “em que há muita vida no exterior”. Porque virá o outono e voltaremos a nos trancar. “O frio seco certamente não ajuda, mas o principal risco é que estaremos em espaços fechados, com pouca ventilação, onde a possibilidade de contágio é muito maior”, afirma.

Somente 43 de quase 10.000 infectados em ambientes exteriores

Na recompilação feita por Gwen Knight sobre os focos de contágio, só há realmente dois que respondem com segurança a espaços abertos, como afirma o divulgador Luis Jiménez: “Um se refere ao mercado de Wuhan, o da possível origem do vírus (com 41 infecções), e o outro é o de dois amigos corredores, em que agiram circunstâncias extras que aumentaram o risco: proximidade durante tempo extenso, acompanhada de conversa e/ou respiração intensa”. No total, 43 casos com certa certeza de contágio em ambientes exteriores entre quase 10.000 confirmados.

Na maior investigação sobre focos de contágio, feita na China, foram rastreados mais de 7.000 casos de infecções, procurando os focos de origem. “A grande maioria ocorreu dentro de casa e no transporte. Foi detectado somente um caso de contágio em ambientes exteriores, com duas pessoas envolvidas, que se encontraram na rua e conversaram durante certo tempo”, diz Jiménez.

Fonte: El País



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