O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, criticou nesta terça (13) Jair Bolsonaro devido à atuação do governo brasileiro na pandemia de Covid e à resposta dele a denúncias de corrupção.
O chanceler disse que o presidente deveria cuidar dessas questões em vez de usar os protestos na ilha para tentar desviar a atenção dos problemas de sua gestão. As declarações, feitas em uma rede social, foram uma resposta de Havana às críticas que Bolsonaro dirigiu um dia antes ao regime cubano, que enfrentou uma onda de protestos no último fim de semana.
“O presidente do Brasil deveria corrigir sua atuação negligente que contribui para o lamentável falecimento de centenas de milhares de brasileiros por Covid e [para] aumentar a pobreza”, escreveu o chanceler no Twitter. “Deveria prestar atenção a casos de corrupção que o envolvem e não desviar [a atenção] olhando superficialmente para Cuba”, acrescentou.
No domingo (11), Cuba viu os maiores protestos na ilha nas últimas décadas. Milhares de pessoas foram às ruas por todo o país aos gritos de “liberdade!” e “abaixo a ditadura!”, para expressar frustração por meses de crise, restrições devido à Covid e o que acusam ser negligência do governo.
Houve repressão aos atos por parte do regime cubano, que diz que os problemas do país são consequência do bloqueio econômico feito pelos EUA há seis décadas. Após os protestos, jornalistas foram detidos, e o acesso à internet, restringido.
Bolsonaro aproveitou os atos na ilha para alimentar o discurso do fantasma comunista que, segundo ele, assombra o Brasil. Atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto, o atual presidente relaciona uma eventual volta do PT ao poder à instalação do comunismo no país.
“Foram pedir, além de alimentos, eletricidade. Foram pedir… Pediram mais uma coisa. Por último, em quarto lugar, pediram liberdade. Sabe o que eles tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão”, afirmou o presidente a apoiadores no Palácio da Alvorada. A declaração foi registrada por um canal bolsonarista.
“O dia de ontem [domingo] foi um dia muito triste, dado o que aconteceu em Cuba. Muita gente acha que a gente nunca vai chegar lá, nunca vai chegar à [situação da] Venezuela, que a gente [nunca] vai ter problemas como estão tendo em outros países por aqui”, disse o presidente brasileiro.
“Tem gente aqui no Brasil que apoia quem apoia Cuba, que apoia Venezuela. Gente que várias vezes foi para Cuba tomar champanha [sic] com Fidel Castro ou foi para a Venezuela tomar uísque com [Nicolás] Maduro. E tem gente aqui que apoia esse tipo de gente. É sinal que eles estão querendo viver como os cubanos, como os venezuelanos”, insistiu Bolsonaro.
Mais tarde, em publicação nas redes sociais, o presidente reforçou as críticas ao regime cubano, classificada por ele de “ditadura cruel que por décadas massacra a liberdade enquanto vende para o mundo a ilusão do paraíso socialista”. Bolsonaro também expressou “todo apoio e solidariedade ao povo cubano” e desejou que a “democracia floresça em Cuba e traga dias melhores ao seu povo”.
O presidente enfrenta suspeitas de que teria sido negligente ao receber denúncias de corrupção relacionadas à compra de vacinas contra a Covid. Seu governo demorou a adquirir imunizantes e ignorou propostas como a da Pfizer. A lentidão na obtenção de vacinas é apontada por especialistas como uma das causas para o alto número de mortes por Covid no Brasil em 2021. A doença já matou 534 mil pessoas no país, sendo que mais da metade dos óbitos ocorreu neste ano.

Fonte: Bahia Notícias