A agenda implantada no Brasil após o golpe contra Dilma baseada no corte de direitos, no entreguismo e agravada pelo coronavírus não fará o País voltar aos níveis de 2014 antes de 2024. Segundo Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada da FGV, “há muita incerteza, estamos prevendo que a taxa de desemprego deve subir para 18,7%”

(Foto: Reuters | FIESP | 247)

Com uma agenda baseada no congelamento de investimentos, cortes de direitos e entrega de setores estratégicos para estrangeiros agravada pela pandemia coronavírus, o Brasil não voltará aos níveis de 2014 antes de 2024. Segundo Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada da Fundação Getulio Vargas, “crescemos pouco em 2017, 2018 e 2019. A recessão do coronavírus veio com o PIB abaixo do que tinha sido em 2014”.

“Com essa queda adicional, a recuperação total que viria em 2021 ficou para 2024. Há muita incerteza, estamos prevendo que a taxa de desemprego deve subir para 18,7%, cinco percentuais acima do que foi no pico da recessão de 2015, de 13,7%. O que fazer com esse mundo de desempregados. Há um esgarçamento do tecido social não trivial. Significa uma explosão de informalidade no país, é um de fato”, acrescentou ele durante entrevista ao jornal O Globo.

Questionado se a recuperação pode ser abortada em uma eventual intensificação da pandemia, o economista afirmou que, provavelmente, “não volta a fechar tudo como foi em março e abril”. “Não há condições políticas, há pressão do empresariado, do próprio presidente da República, mas é claro que, com os casos aumentando as pessoas ficam em casa. Uma recuperação da recessão anterior só em 2024”.

Até o mês de maio foram destruídos 7,8 milhões de empregos no Brasil, informou nesta terça-feira (30) o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O mês de maio fechou com taxa de desemprego de 12,9%.

Coronavírus

A agenda neoliberal é agravada pela pandemia do coronavírus. O Brasil ocupa a segunda posição no ranking global de confirmações (1,3 milhão) e mortes (58,3 mil), de acordo com dados da plataforma Worldometers. Em primeiro lugar estão os Estados Unidos, com 2,6 milhões de casos e 128 mil óbitos.

Além dos números preocupantes sobre a economia e a Covid-19 no Brasil, a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, criticoua posição do governo Jair Bolsonaro sobre a pandemia. “Preocupa-me que declarações que negam a realidade do contágio viral”, disse.

No último dia 22, Bolsonaro voltou a subestimar o coronavírus e disse que “talvez tenha havido um pouco de exagero” na maneira como a pandemia foi tratada.

Não foi a primeira declaração no sentido de amenizar os efeitos da Covid-19. Em março, ele classificou a doença como uma “gripezinha”, durante pronunciamento em cadeia nacional. Em abril, Bolsonaro perguntou “e daí?”, ao ser questionado quando o Brasil atingiu a marca dos 5 mil mortos pelo coronavírus.

Fonte: 247